Projetos Profa. Dra. Maria Geralda de Almeida
PROJETOS ORIENTADOS PELA PROFA. DRA. MARIA GERALDA
Projetos de Mestrado
Floresta Amazônica: Lugar e Paisagem na Memória
Um estudo do imaginário de seringueiros do estado do Acre
Mestranda: Janaína Mourão Freire
A partir do uso da história oral e analisando o imaginário de seringueiros pretende-se compreender como se constitui a paisagem e o lugar na memória desses “trabalhadores do látex” dentro da dinâmica dos seringais do estado do Acre. Mas, porque trabalhar com Paisagem e Lugar? E ainda, porque trabalhar com essas categorias na memória? Compreende-se que a Paisagem e o Lugar são as categorias que mais representam um estudo direcionado ao cultural a partir do método fenomenológico, além disso, torna-se importante para as novas leituras geográficas visto que se tem entendido, pela perspectiva cultural da Geografia, que o homem se espacializa material e imaterialmente. A metodologia de pesquisa se baseia em entrevistas narrativas com seringueiros que ainda atuam em colações se seringas na região do alto e baixo Acre e Juruá. Também serão lidos livros e reportagens de jornais. Acreditamos que compreender como se constitui a paisagem e o lugar na memória pode servir de contribuição para futuros estudos geográficos que visem não apenas o espaço do visível pela retina, mas também do visível pelo imaginário; pela memória.
Territorialidades e Paisagens Culturais no Espaço Festivo dos Kalunga do Engenho II em Cavalcante – GO
Mestranda: Jorgeanny de Fátima R. Moreira
A pesquisa no remanescente de quilombolas Kalunga no norte do estado de Goiás pretende investigar as territorialidades e as paisagens culturais da comunidade quilombola do Engenho II produzidas a partir de suas manifestações culturais. As comunidades quilombolas de hoje lutam para manter a organização social pautada na (re) afirmação da cultura, de suas práticas socioespaciais e da forma de lidar com o campo. O quilombo atual sofre com entraves como a falta de infraestrutura e serviços básicos de saúde, educação e saneamento, à disputa por suas terras, pela manutenção de seus valores e costumes, pela autonomia local. Apesar da perda de algumas de suas práticas simbólicas, os Kalunga se expressam ricamente e mantêm vivos os costumes no trabalho, nas danças, nas rezas e nas manifestações religiosas. As práticas sociais e culturais definem as territorialidades dessa comunidade, que persistem na manutenção de alguns rituais festivos e simbólicos. Por meio dessas práticas eles afirmam sua identidade e reproduzem sua história de fé e devoção no espaço festivo. Os rituais celebrados pelos Kalunga é uma forma de reproduzir valores, visão de mundo, vivências, saberes e tradição. A partir dessas premissas, é possível fazer alguns questionamentos como: de que forma a festa no território Kalunga influencia a identidade territorial e a reorganização do espaço do cotidiano e das vivências estabelecidas? De que forma acontece à atividade turística e como ela influencia nas (re) significações das paisagens simbólicas, do imaginário e das representações culturais e territoriais Kalunga? A fim de responder esses questionamentos recorreremos a algumas folias que acontece na comunidade do Engenho II, como a Folia de Santos Reis, a Folia de Santo Antônio e a Folia de Nossa Senhora das Neves. Essas folias são exemplos da tradição preservada pelos Kalunga. Nessas folias, observaremos a dança e os rituais, pois são formas de (re) afirmarção da identidade e (re) significação das territorialidades Kalunga. O “arremate”, a subida do mastro e a dança da “sussa” são rituais característicos dessas festas e, portanto, são manifestações que representam os costumes do povo Kalunga. Além das pesquisas bibliográficas, será fundamental para a realização dessas investigações o contato com os quilombolas do Engenho II. Os procedimentos metodológicos contarão, além da análise bibliográfica e documental, com a pesquisa em campo para a observação direta e entrevistas como moradores da comunidade. Essas etapas possibilitarão identificar grupos detentores dos saberes locais, tornando possível a compreensão da relação entre as práticas festivas, as territorialidades e o espaço Kalunga. As folias representam a apropriação da paisagem, representa a cultura, os costumes e valores da comunidade quilombola. As atividades produtivas e culturais denotam ao espaço ocupado pelos Kalunga o sentido de lugar.
MANIFESTAÇÃO DA RELIGIOSIDADE NO ESPAÇO E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE TERRITORIAL: A FESTA KALUNGA DE NOSSA SENHORA DE APARECIDA
Luana Nunes Martins de Lima
O objetivo dessa pesquisa é investigar como e em que medida a Festa Kalunga de Nossa Senhora de Aparecida se configura no espaço, no surgimento de territorialidades vinculadas à festa, produzindo identidades territoriais e fortalecendo a memória coletiva da comunidade. Além disso, como essa (re)organização do espaço que se estabelece no período festivo, no cotidiano e nas vivências está associada à forma como foi construída a identidade étnico-cultural da comunidade engendrada pela religiosidade católica.
A primeira etapa da pesquisa consiste na revisão bibliográfica do tema proposto e da fundamentação teórico-metodológica. A pesquisa se pautará na abordagem cultural da geografia, podendo ser complementada por estudos interculturais e antropológicos. A segunda etapa refere-se às visitas à comunidade, com o intuito de absorver o cotidiano de vida e as práticas desveladas no festejo, tendo a pesquisa participante sugerida por Brandão (1988) como abordagem metodológica.
Projetos de Doutorado
KALUNGA, UMA POPULAÇÃO TRADICIONAL NO CERRADO GOIANO:
SITUAÇÃO ATUAL.
Doutoranda: Wilma Melhorim de Amorim
Nossa proposta de trabalho versa, sobre os Kalunga, uma população remanescente de quilombolas que habitam região do nordeste goiano. Em viagens recentes ao lugar pudemos verificar a existência de vastos trechos de vegetações, ainda, preservadas conjugadas com uma rica biodiversidade. Esta condição se faz notar, principalmente, nas regiões habitadas pelos Kalunga. Estas sociedades agrícolas habitam, há séculos, as regiões compreendidas, principalmente, entre os municípios de: Terezina de Goiás, Monte Alegre de Goiás e Cavalcante. Sendo este último eleito como nosso laboratório de pesquisa. Trabalhamos com a tese de que tal preservação teria sua principal razão de ser muito mais nas dificuldades de exploração dos recursos naturais do que, propriamente, a intenção política ou mesmo na consciência ambiental ou desejo de conservação de sua população.
ESTADO-NAÇÃO E COMUNIDADES DE TERREIRO NO ESTADO DE GOIÁS: POR UMA GEOGRAFIA DA DIFERENÇA
Doutoranda: Mary Anne Vieira Silva
A proposta de projeto de doutoramento Estado-nação e comunidades de Terreiro no estado de Goiás: por uma geografia da diferença, objetiva reconhecer os territórios sociais do sagrado e suas territorialidades numa perspectiva étnico-racial e de gênero. Ademais, identificar e analisar, a presença/ausência da participação feminina nos espaços definidores das crenças e as possíveis alterações de espaço e de poder no processo de formação das novas gerações de praticantes das Comunidades de Terreiro. Para além desses objetivos, busca-se avaliar como as demandas por uma igualdade racial, promovida pelo Estado influenciam para a efetiva participação e visibilidade social desses praticantes. Assim, o projeto se posiciona em uma perspectiva teórica que preconiza os estudos pós-coloniais. Nesse sentido, como exercício teórico-metodológico, esse caminho constitui um significativo campo de disputa teórica e ideológica contemporânea, que atravessa praticamente todo o saber acadêmico, incluindo a História, a Geografia, a Política dentre outros. No âmbito da discussão que norteia o estudo do Estado-nação o desafio é revisitar a categoria território numa proposta de entendimento que se liga as abordagens que vinculam o sujeito subalterno, e suas vozes silenciadas nas margens do sertão goiano e, para além disso, aproximar o recente movimento por legitimidade e reconhecimento desses setores junto ao Estado constitutivo de uma nação.
PROGRAMA REGIONAL DE APOIO AOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLS) NO ENTORNO DO DISTRITO FEDERAL – ANÁLISE DOS APLS DE FRUTICULTURA, MANDIOCULTURA, E PECUÁRIA LEITEIRA.
Doutoranda: Violeta de Faria
O Programa Regional de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais do Entorno do Distrito Federal (DF), está estruturado, em municípios dos estados de Goiás e Minas Gerais, com investimentos por parte do Ministério da Integração Nacional (Minter, 2008). Os objetivos da pesquisa consistem em identificar as potencialidades e limitações dos Arranjos Produtivos Locais (APLs), como política pública de ordenamento territorial e instrumento de desenvolvimento local no contexto do entorno do DF; além de verificar, em que medida os denominados APLs de base agrícola do entorno (APLs de Fruticultura de Luziânia, de Mandiocultura do Vale do Urucuia e de Pecuária Leiteira de Buritis possuem características de APLs ou se constituem em estratégias de captação de recursos financeiros.
A PRODUÇÃO AGRÍCOLA ORGÂNICA NO MATO GROSSO DO SUL: ALTERNATIVA SOCIOCULTURAL-AMBIENTAL E TERRITORIALIDADES
Doutoranda: Silvana Moretti
Resumo: A reflexão proposta neste trabalho de tese é sobre a produção da agricultura orgânica e sua participação na produção territorial no espaço rural da Grande Dourados e tem como centralidade a idéia de desenvolvimento e sua concretude. A definição desta categoria como problemática da tese tem como sustentação que a agricultura orgânica se configura como uma produção alternativa à noção de desenvolvimento dominante. Como pressuposto, as ações dos pequenos produtores agrícolas orgânicos são consideradas neste projeto como sinais_ e possibilitam a reflexão sobre o conhecimento produzido sobre o mundo. Este conhecimento tem como fundamento a racionalidade ocidental que esta centrada em um significado específico de desenvolvimento que é fundamentado por algumas noções apresentadas por Castoriadis: “a ‘onipotência’ virtual da técnica; a ‘ilusão assintótica’ relativa ao conhecimento científico; a ‘racionalidade’ dos mecanismos econômicos.“ (1992, pg. 146).O olhar proposto aqui sobre a produção agrícola orgânica praticada em uma região do Mato Grosso do Sul – Grande Dourados – dominada pela produção de grãos para o mercado internacional, é a possibilidade de valorização de um sinal do futuro em contraponto a racionalidade da produção em grande escala para o mercado mundial.
Sinais aqui entendido como apresentado por Boaventura de Souza Santos (2007): “Tentaremos ver quais são os sinais, as pistas, latências, possibilidades que existem no presente e que são sinais do futuro, que são possibilidades emergentes e que são ‘descredibilizadas’ porque são embriões, porque são coisas não muito visíveis”
OS SERTÕES: DIÁLOGOS SOBRE O PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO TERRITORIAL DO ESTADO-NAÇÃO BRASIL NO “ONTEM” E NO “TEMPO-DE-AGORA”
Doutorando: Robinson Santos Pinheiro
O presente projeto tem por objetivo pensar a relação (de mútuo negar e se apropriar) que o “povo” do litoral (local da civilidade) estabeleceu com o sertão (local da Barbárie) na construção/produção/invenção da identidade nacional. Para isso, intentar-se-á desenvolver o diálogo entre a Obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, com a linguagem geográfica, e, se preciso for, com outras linguagens (literária, científica, musical, fílmica, fotográfica etc.) que sobre o assunto teceram reflexões/sonhos/idiossincrasias/olhares etc.. É de interesse perscrutar de que maneira o entendimento de parte do processo de formação identitária brasileira pode ser reinterpretado/ressignificado para ajudar compreender o atual cenário de (re)organização e (re)estruturação (técnico, científico, informacional, político, econômico, cultural etc.) vivenciado no sistema-mundo. Ou seja, tecer reflexões/sonhos/idiossincrasias/olhares etc. sem cometer certos enganos/preconceitos/sombreamentos etc. que, a partir do meu olhar do hoje (diante disso carregado de preocupações/sonhos/desejos etc. que, sabe-se, talvez não preocupasse o autor analisado; conquanto, devido o fato de a comunicação transcender barreiras temporárias, peço licença para me colocar enquanto leitor e crítico, tais quais aqueles que acrescentam coisas nas folhas lidas; assim como o narrador do Dom Casmurro instiga o seu leitor a fazê-lo: “[...] É que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias: assim podes também preencher as minhas” (MACHADO DE ASSIS, S.d., p. 203), “outros” cometeram. As personagens por intermédio de seus comportamentos, vestimentas, falas, silêncios etc. bem como a interação destes elementos com a disposição/organização dos cenários e seus respectivos “objetos” podem “dizer” muito sobre determinada época (espaço e tempo). Para responder os objetivos/interesses delineados, estabelece-se a necessidade do diálogo com quatro perspectivas teóricas metodológicas: a hermenêutica filosófica, a estética da recepção, a fenomenologia e o marxismo. Entende-se que a hermenêutica possibilitará o entendimento do contexto que envolve o texto, ciente de que no contexto pode haver mais informações/pistas que no texto, conquanto, ambos não se excluem, e sim servem de índices para a interpretação que aqui é proposta. A estética da recepção adentra no sentido de averiguar os elementos que envolvem a produção/invenção/construção do texto e as transformações das recepções que foram sendo criadas em variegados contextos de recepção dos leitores. Com a fenomenologia (Merleau-Ponty) tem-se o entrelaçar as duas teorias supracitadas, já que uma das bases de entendimento deste posicionamento filosófico/ideológico é de que a existência é espacial e o espaço é existencial, quer dizer, de uma forma ou de outra ambos se abrem e permitem o mútuo “acontecer”. O marxismo adentra no direcionamento político que embasa as reflexões suscitadas, visa-se auxiliar na invenção/produção/construção de uma espacialidade justa, digna, respeitosa etc., pois é de ciência que a forma de se posicionar (filosófico, ideológico, político, cultural etc.) adotada tem “poder”.
(DES) ENCANTOS DO JALAPÃO: ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS PÚBLICAS DE TURISMO NO TOCANTINS
Doutoranda: Maria de Fátima de Albuquerque Caracristi
A proposta deste trabalho é de a par de uma visão interdisciplinar, investigar as possibilidades que a atividade turística exerce no que se convencionou a chamar deserto do Jalapão. Especificamente, busca-se entender os aspectos que envolvem o modo como se deu a apropriação da espécie Syngonanthus nitens, (capim-dourado), sempre-viva, cujos escapos são historicamente, utilizados pela população local na confecção de artesanatos, nas ações das políticas públicas estaduais na promoção do turismo. Diagnosticar os efeitos e alterações que a atividade turística introduziu na localidade do Jalapão, especificamente na comunidade de Mumbuca e os aspectos que envolvem o modo como se deu a apropriação da espécie Syngonanthus nitens, (capim-dourado) pelo poder público como simbologia do Estado é em síntese a proposta deste estudo de natureza quali-quantitativa, empírica e exploratória.
Práticas culturais e produção territorial em Goiás: As políticas públicas e as transformações no espaço da festa
Doutoranda: Rosiane Dias Mota
Na atualidade observa-se uma acentuada valorização e divulgação das manifestações das culturas locais por parte de inúmeras organizações tanto pela mídia e setor privado quanto pelo setor público. Em meio tal interesse e ao contexto da cultura popular na globalização, propõe-se com o presente analisar a participação da cultura popular na produção do espaço de Goiás, ressaltando a participação das políticas públicas culturais voltadas para configuração dos territórios festivos. Os aspectos teórico-metodológicos a serem utilizados no desenvolvimento desta investigação têm como base, entre outros, às contribuições da UNESCO (2003) e de Castro e Fonseca (2008) no que se refere aos Conceitos e Documentos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura sobre Cultura, Patrimônio Cultural Imaterial, Inventários, Planos Nacionais, Projetos e Legislações de âmbito Estadual e Nacional. Utilizar-se-á, também, as contribuições de García Canclini (2008) com o estudo das culturas híbridas e a Globalização, as manifestações culturais e sua mercantilização e a relação destas com a representação política. De Durand (2000 e 2001) com ideias referentes as Políticas Públicas relacionadas a Cultura, a visão sistêmica da Gestão dos Projetos Culturais e seus estudos comparativos sobre a Gestão Cultural em diferentes países. E de Almeida (2002) no que se refere às políticas públicas do turismo no estado de Goiás. Tem-se como resultados esperados uma análise das Políticas Públicas Culturais e dos símbolos das culturas de massas inseridos por meio das mesmas nos grupos de cultura popular em Goiás.